É oficial. A humanidade declarou-se um cancro neste planeta. O verdadeiro inimigo do homem é portanto a humanidade, e contra este inimigo são precisas medidas decisivas.
Este é o grito de guerra do movimento ecologista. Ao ouvir tal acusação, dizemos que sim, baixamos a cabeça com vergonha, e não se hesita em prestar homenagem a esta fantástica ideia.
O diagnostico é que a humanidade tem uma actividade exuberante neste planeta, actividade a qual vai resultar num cataclisma bíblico certo.
A cura, é de aceitar a entrega consecutiva de poderes cívicos e nacionais ao detrimento de instituições assumidamente supranacionais. A limitação da actividade industrial, sobretudo nos países em desenvolvimento, e que portanto mais precisam, é indispensável. Condenar à pobreza milhões é, afinal, um nobre sacrifício se quer uma estadia prolongada neste humilde planeta.
É também, defendem, o dever cívico dos povos do mundo aceitar pagar impostos globais, poder com que sonhou qualquer tirano da história humana, ambição que provou ser prematura. Até agora.
Estes ‘impostos de carbono’ vão recair indirectamente sobre todos através de impostos sobre a emissão de CO2, que abrange grande parte da actividade industrial, actividade essa que é nada mais do que o aglomerado de ferramentas que as nações precisam para sobreviver.
Porque, se bem que o falso consenso que defende que o planeta precisa de ser salvo de um catástrofe ecológico iminente tenha sido imposto por poucos, a responsabilidade que implica diz-se ser de todos.
É preciso aqui diferenciar a ecologia popular, diversa e pragmática, e a ecologia elitista pagã, severa e dogmática.
A primeira defende a sociedade civil, a localização de produção, a democracia e o direito à vida. Não podia ter mais razão.
A segunda, não se cansa de lembrar que todos devemos estar prontos a fazer sacrifícios graças ao facto de sermos todos responsáveis pela chacina da coitadinha da mãe natureza. Este ultimo, é um exemplo perfeito dos muitos eufemismos que utiliza a elite ecologista, neste caso sendo verdadeiramente um aviso ao cidadão que se deve preparar a ter os seus direitos e benefícios esquartejados e racionados. Para o seu próprio bem, claro.
Mas o eufemismo mais descarado é aquele que afirma que ‘problemas globais precisam de respostas globais’. E não ha problema mais global do que a destruição iminente do planeta. ‘Respostas globais’ é claro a apologia de constrangimentos políticos, económicos, financeiros e legislativos disparados por um só grupo longínquo e não-eleito, que se senta maioritariamente dentro das Nações Unidas e os seus braços, disparo este dirigido a todos nós, independentemente de nacionalidade ou estilo de vida. Estes constrangimentos passam também é claro pela erosão do poder de nações e federações que se orgulham em ser soberanas.
A ecologia elitista tem também forte influencia na cultura e na crença individual, pois o é um movimento com ambições faraónicas, e prova-o adoptando um tom cada vez mais religioso. Profetisa o apocalipse, e declara-se ao mesmo tempo guardião do caminho para a salvação.
É um movimento religioso porque promete um paraíso sustentável. Garante que a mãe natureza existe, facto algo questionável. Mais grave ainda, é que insulta a humanidade, mas falo de maneira bastante amável. Pinta o ser humano como sendo destrutivo e desalmado, mas não hesita em expandir-se aproveitando-se da boa vontade da gente. Aproveita-se também do vácuo espiritual que deixou o declínio da igreja Cristã, e preenche-o com um neopaganismo que não aceita que se lhe colem etiquetas. Porem, a utilização de etiquetas vis-à-vis este movimento ecológico é justificada, porque é, cada vez mais, um movimento homogéneo.
A radicalização do seu discurso é quase exponencial, mas o problema radical que o justifica, que somos nós os culpados pelo o aquecimento global, não se vê a olhos nus, só se vê através da lupa da elite que o diagnostica. A ideia de utilizar o fantasma de um catástrofe ambiental para assustar e controlar não é nova. Mas amadureceu, e encontrou na população do presente um hóspede ingénuo e desprevenido.
Uma outra táctica interessante deste movimento é que consegue recrutar em fazendo-se de vitima, mascarando-se de movimento popular oprimido pelo papão capitalista. A verdade é outra. É agora mais do que óbvio que o movimento ecologista é o movimento ideológico mais bem sucedido da história da humanidade, tendo invadido o mundo da política, os media, a educação, a cultura e a crença individual em tempo recorde sem que se erga resistência à altura. Fê-lo de uma maneira arrasadora e global, e não parece ser contida por faixas etárias, classe social, nacionalidade nem religião.
Chegou a hora de aceitar que o movimento ecológico tem que ser alvo de perguntas difíceis, e que tem que ser investigado seriamente como são, de forma legitima, todos as outras ideologias e movimentos políticos. Nenhum discurso, por muito bem ensaiado que seja, chega para que aceitemos a perda consecutiva de liberdades cívicas, nem deveria suspender a nossa capacidade de análise crítica.
João Silva Jordão
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