Manifestações da CGTP, ou Como Fingir que se Luta Contra o Sistema (Relato da Manifestação da CGTP de dia 27 de Novembro de 2012)

Depois da repressão policial da manifestação da greve geral, no dia 14 de Novembro, a apatia do povo Português fez-se sentir mais uma vez. Os manifestantes que tinham vindo à manifestação da CGTP para protestar contra o Orçamento de Estado e 2013 começaram a sair mesmo antes do hino Português, que marca o final de qualquer manifestação da CGTP. Às 12:50 já só restavam cerca de uma centena de manifestantes, quando uma grande parte dos sindicatos só tinha chegado pelas 11:20. Esta manifestação teve todas as características de todas as outras organizadas pela CGTP. Previsível, monótona, repetitiva, curta, e sobretudo, com a grande maioria dos manifestantes ostentando uma completa falta de vigor e entusiasmo. A maioria parece estar lá por obrigação. Vieram picar o ponto, e desta vez, dado os acontecimentos do dia da greve geral, o espaço à frente à Assembleia esvaziou-se com uma rapidez inédita. Neste dia a CGTP mereceu mais do que nunca a distinção de ‘Guardião do Portão-Mor‘.

E foi somente depois da desmobilização da CGTP que começou a verdadeira manifestação.

O General Palhaço do Exército dos Palhaços (Clown Army)

O Exército dos Palhaços entrou em acção. Um colectivo de cerca de 20 jovens vestidos de palhaço e armados com almofadas queixaram-se que a profissão deles está em risco porque os indivíduos que trabalham na Assembleia lhes estão a roubar o trabalho. ‘Afinal, somos nós os palhaços, ou são eles?’ perguntou o General Palhaço, apontando para a Assembleia, ao que o exército de palhaços respondeu com a mesma frase a que respondia a todas as perguntas, ‘Não temos a certeza Senhor!’

Depois de um pequeno espectáculo à frente a S. Bento, começaram a sair pelo flanco esquerdo, o que fez uma grande parte do contingente policial que se encontrava na escadaria desmobilizasse. Pouco mais do que uma dúzia de palhaços conseguem mobilizar mais polícia na escadaria do que os milhares de manifestantes da CGTP, o que só por si é significativo. De repente, o Exército dos Palhaços entraram dentro do um Banco, provocando o pânico entre as forças da polícia. A mesma PSP que esperou duas horas para intervir contra quem arremessava pedras no dia 14 de Novembro de 2012, dia da Greve Geral, o que fez sem conseguir deter os mesmos, tendo somente conseguido agredir manifestantes pacíficos incluindo idosos e crianças, imediatamente enviou um grupo de polícias que estava por detrás das barreiras para intimidar e expulsar o Exercito de Palhaços.

Jornalistas tentam capturar imagens da ‘invasão’ ao Banco que durou pouco mais do que um minuto. Foto: RiseUp Portugal

Podemos afirmar com certeza que o mundo está ao contrário quando constatamos que 20 palhaços com almofadas e apitos conseguem ser mais subversivos e assustar mais o mecanismo de repressão do que a maior estrutura sindical do país. Enquanto que a CGTP foi dar mais um passeio, um pequeno grupo de jovens conseguiu capturar e demonstrar a verdadeira natureza do sistema em que vivemos com uma pequena peça de teatro de intervenção. Fê-lo sem carrinhas, sem milhares de bandeirinhas, sem beneficiar de 1% do salário de milhares de trabalhadores. Não precisou de um pódio com microfone, nem de discursos previamente escritos. Somente um pouco de coragem, criatividade e algumas almofadas, proporcionaram um momento que foi tão tenso quanto interessante.

Nenhum governante jamais perderá o sono por causa de manifestações como as da CGTP. Neste dia, quem melhor fez de palhaço foi o Arménio Carlos e a sua corte de palhaços.

João Silva Jordão

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17 respostas

  1. Excelente exercito de palhaços,é o seu comentário….estes milhares de pessoas da CGTP representam a classe trabalhadora da maioria do Pais,e merecem mais respeito,alem dessas suas linhas que tentam denegrir o unico movimento dos sindicatos de esquerda,que ainda se manifestam,vulgo CGTP….mas é uma verdade que agora temos emprego e com estas politicas,talvez deixe de existir quem tenha toda a imprensa,como o Sr. deve ter visto,a gravar o que realmente são os problemas da Nação;e a apresentar soluções..CGTP.O exercito só apareceu uns segundos,eu estive atento e nem os vi…Picámos o cartão e muito bem.. Saudações sindicais.

  2. O facto é que a grande maioria de quem lá estava estava com a cgtp. O problema não é a cgtp a mais são os outros a menos. 20 palhaços não chegam. aprendam a mobilizar o povo. eu vou às da cgtp e de quem mais for que seja, desde que seja para acabar com este início de ditadura. ORGANIZEM-SE e: Não atirem pedras uns aos outros, a direcção é só uma.

    1. INÍCIO de ditadura?! lol
      Sei que parece baixeza o que vou dizer, mas a realidade é que as pessoas nao têm mesmo noção… 🙁

  3. É isso mesmo! Abaixo os sindicatos! Abaixo a CGTP! Abaixo quem luta e defende os interesses dos trabalhadores! Abaixo a revolta de quem é atacado deum modo sem precedentes por uma cambada de miudos saídos das escolas das jotas! Ficámos a saber, graças a este texto de pura investigação, que o que está a dar é a malta vestir-se de palhaço!
    Menos soberba, meu caro, e mais respeito por quem luta de uma forma decente e responsável!…

  4. Sim a cgtp é a vangarda da luta:
    -Pão e trabalho! Pão e trabalho!
    Será que não se entende que é uma ordinariçe dizer-se que vir para a rua gritar isto é lutar? Que luta é esta? A mesma que nos levou aqui de certeza.

  5. A onde andava o army clown este tempo todo sr.ª João Silva Jordão? Na minha opinião, até acho saudável este tipo de intervenção, mas de passar a comparações pejorativas contra quem já se manifesta há 50 anos é mau.
    Não sou sindicalista, mas são muitos anos que estão a manifestar pelo povo e pela unidade do mesmo. Podemos todos discurdar com algumas pontos, mas sem a união, o que resta está bem espelhado na nossa sociadade.
    O meu apelo vai em direcção à unidade e consciência politica.

  6. Este texto só pode ter sido escrito por quem nunca mexeu uma palha para alterar o sistema no qual se habituou a viver. Talvez um dia desperte e lute também.

  7. Caro João
    Comepreendo o que sentes. Mas explica lá que “subversão” teve a Intervenção do “Exercito de Palhaços” no contexto e na situação? Fez-nos bem “ao figado” ver uma intervenção daquele jeito embaraçar obviamente as forças “de orDem” mas para “subverter” diga-mos que é curto.
    Temos depois o problema do maior movimento social existente no país, a CGTP. Aqui coloca-se várias hipoteses:
    1: Representa sectores ” mortos da sociedade”, como isso dos trabalhadores – e portanto não se fala mais nisso (e aqui não se discute se representa bem ou não. Representa. Ponto!)
    2: Representa interesses colectivos mais restritos que a massa dos trabalhadores, mas em nome da massa dos trabalhadores
    3: Faz parte do aparelho de opressão ( colocquei isto aqui para satifaszer todas as sensibilidades, GT incluido)
    Como rejeito a primeira hipotese e a terceira é para dispitar, vamos lá ver que fazer com esse movimento. Cá por mim era revigorara CGTP,, insuflar-lhe ar fresco, ideias e práticas novas (e algumas antigas, tradicionais, há muito caidas no esquecimento de alguns burucratas), pegar na radicalidade que grassa em muitos sectores e dar-lhe forma de programa e acção.
    Ah pois mais isso é dificil à brava “os PCs” dominam tudo, “mandam tipos para a Sibéria” e têm “gorilas” e tal…
    Se se vir a evolução nos ultimos 18, 24 meses da CGTP, quem for honesto nota diferenças. Um pouco mais aberta, menos sectária.
    O mesmo não se pode dizer de todos os “movimentos sociais” e da maioria dos “politicos de facebook”. Mas adiante…
    Bem, pois é, tipo trabalho de formiginha, ganhado pessoas e propondo ideias que andam “ontra-corrente” mas fazem caminho. E sabe-se de antemão, que não estamos numa corrida de 100 metros mas numa séria de maratonas. Mas por ai é que, me parece, é io caminho: criar corrente na CGTP que a “refunde” numa central mais combativa, democratica e de massas.
    O tom geral do teu texto, João, é justamente visto como insultuoso, não para o tal que está no aparelho a tratar de travar a luta, mas pelos muitos e muitos mil que estão nas empresas a tentar organizar a resist~encia e luta contra o terror que se vive nas empresas e o massacre social que o governo e o Capitalismo nos impõe.
    Ora eu sei que tu sabes que esse não será o caminho.

  8. NÃO CANCELES OS TEUS SONHOS, Não faças do ano novo velho, não votes mais neles.
    Anda connosco, queremos democracia directa, no ano de 2013 haverá legislativas antecipadas, vamos dar-lhes luta e fazer do ano novo um ano jovem, diferente, derrotar este velho sistema do “Agora mamas tu, agora mamo eu”….
    Temos projecto, vamos derrota-los e julga-los, junta-te a nós…..

    No dia 01JAN13 começarás um ciclo de 365 razões para mudares, no dia das legislativas ajuda-nos a mudar de vida!
    não votes mais neles.
    UMA OPORTUNIDADE, TODOS DEVEMOS AGARRA-LA:
    Quantos anos faltam para escrever a história de hoje e que tipo de ditadura lhe vão chamar?
    “Se Portugal não negociar agora irá fazê-lo daqui a seis meses de joelhos”
    A frase não é de nenhum dirigente do BE ou do PCP. É o título de uma entrevista publicada hoje no Expresso, e o seu autor é Artur Baptista da Silva, coordenador do Observatório Económico e Social da ONU para a Europa; ONU que propõe uma uma renegociação da dívida portuguesa em três pontos, que me parecem bem razoáveis e sensatos.
    Claro que estes que nos governam, apoiados por um terço dos portugueses que dizem votar, não estão para aqui virados. A crise é uma oportunidade para negócios e vinganças. Acabar com os direitos conquistados, transformar Portugal numa estância turística com empregados dóceis, e distribuir ao Domingo distribuir esmolas pelos pobrezinhos. O sonho de uma vida, desde os bancos da jota. Clique na continuação deste artigo (e eventualmente nas imagens) para ler os textos publicados no Expresso:

    VAMOS MUDAR PORTUGAL
    Ajuda-nos, precisamos de ti, do teu empenho, da tua luta e da tua determinação “TRAZ UM AMIGO TAMBÉM”.
    Queremos ganhar as eleições, queremos democracia directa.
    Nada temos contra as ideologias, lutamos contra este sistema de partidocracia…
    Repito, o problema não esta nas ideologias, está no sistema, ganhe aquele que ganhar o sistema continua o mesmo….
    O sistema protege quem rouba, quem é desonesto, protege a mentira, o embuste….
    Eu não voto enquanto este sistema não for derrubado.
    Sem democracia directa continuaremos a ser roubados, oprimidos, enganados e espoliados..
    Vê e lê com atenção os estatutos dos partidos políticos e verás que todos se protegem.
    Estatutos partidários centralistas, protectores, corporativos são comuns a todos os partidos, beneficiam ainda de um sistema que os protege e que tão bem sabem usar para se abotoarem.
    Eu não acredito neste sistema, nada tenho contra as ideologias.
    Enquanto este sistema não for derrubado não votarei em ninguém.
    Nesta democracia podre não há inocentes, existem culpados e cúmplices.
    EU NÃO VOTO NÃO LEGITIMO UM SISTEMA QUE ALBERGA E PROTEGE GATUNOS., Vamos através da abstenção chegar à maioria dos portugueses que não acreditam nos partidos políticos e conseguirmos nas próximas eleições uma abstenção superior a 60%.
    Ficando assim, qualquer governo frágil à contestação de rua e de vitória em vitória provocaremos uma Assembleia Constituinte.
    Unidos até à vitória, os nossos filhos não nos esquecerão.
    Não votes…Votar em branco é concordar com o sistema, não votar é discordar, ou seja, votar em branco desde a alteração constitucional de 2005 que o voto é considerado nulo para efeitos de contagem.
    Assim, entendemos, aquele que vota em branco apenas não se revê no programa político de nenhum partido, mas concorda com o sistema.
    Quando te absténs, desde que o faças conscientemente, estás a passar a mensagem que o sistema está mal, se entretanto o fizermos de forma organizada, anunciando objectivos, as coisas mudam de figura, deixa de ser um mero discordar com este modelo democrático e passa a ter o sentido de não legitimação do governo que for eleito por parte daqueles que se abstêm.
    Digo-vos, Com este propósito, o apelo à abstenção é a melhor forma de servir a democracia, não tenham medo, com este propósito estamos a fazer política, a combater pelos nossos ideias, por uma sociedade mais justa, equilibrada e pela liberdade.
    Assim sendo, e conforme a actual Constituição da República (Ninguém pode ser perseguido por causa da sua orientação política) estamos a lutar por um país mais livre, estamos a lutar contra a ditadura partidária, pela liberdade e pelo país.
    Imagina quem em Lisboa, Porto, Braga, no dia das legislativas nos juntamos centenas de milhares a comemorar a vitória da abstenção, levaremos cartazes a apelar à democracia directa, exigiremos a condenação dos corruptos, lutaremos até à vitória final.
    A maioria, a larga maioria não votou ” GANHAMOS”.
    A mensagem quer a nível interno, quer a nível internacional, será clara, os portugueses querem mudar de sistema, querem democracia directa…. “Creio, desejo, que o exército nessa data defenda a constituição, respeite a vontade dos portugueses e faça que a mesma se cumpra, a larga maioria dos portugueses querem o fim deste regime”.
    Haverá cobertura do acontecimento, pois não se tratou de uma abstenção de quem não quer participar da vida política do país, trata-se antes, de uma abstenção consciente, que fez campanha, que luta, está atenta, que quer derrubar este sistema e exige democracia directa…..
    Que a abstenção ganhou as eleições, houve propósito, intenção, que os portugueses não aceitam este modelo, exigem mais democracia, que os portugueses não votaram conscientemente, que o fizeram de forma democrática com o intuito de alterarem este modelo que nos rouba, mente, espolia, ignora, escraviza e nos vende.
    Nesse momento, não haverá outro remédio, terá de ser nomeada uma Assembleia Constituinte e à semelhança da Islândia faremos a nossa democracia, somos homens, somos mulheres, somos capazes.
    UNIDOS SEREMOS MAIS.
    Enquanto não alcances, não descanses.
    Anda connosco, não tenhas medo, vamos mudar Portugal, dignificar os portugueses.
    PARTICIPA, VOTA NA ABSTENÇÃO, faz campanha connosco.
    E não te esqueças, aderentes de partidos são como os adeptos de futebol, não se importam que o árbitro roube, desde que seja em benefício deles, não confies neles, tu votas em partidos, são na realidade eles que escolhem quem te representa…..

    ADERE À NOSSA LUTA, NÃO PAGAS QUOTA NEM ELEGES CORRUPTOS.
    http://www.facebook.com/groups/queselixevotar/

  9. É a primeira vez que participo através deste comentário neste blogue, na minha opinião bem interessante, apesar de não concordar de todo com alguns textos e comentários que aqui vejo. Enfim, é legitimo!
    Desde já não vou atirar pedras a ninguém pois cada um tem direito à sua opinião.
    Fica aqui a “dica”, já repararam que desde o post até este último comentário, vemo-nos a atacar uns aos outros e como alguns já aqui escreveram, sem o menor sentido!
    “Áh, tu és palhaço!”; “Ah, tu és sindicalista!”; “Ah tu não vais ás manifs!”; “Ah, eu faço mais barulho que tu!”; “Ah, os palhaços fazem mais do que os outros palhaços!”…
    Penso que esta desunião não é o caminho para a mudança. O caminho será pormos estas conflitualidades ridiculas de lado, e juntarmos o que de bom têm os palhaços e o que de bom têm os sindicalistas e a sua força!
    Há também outros grupos, mais radicais ou menos, como lhes queiram chamar, que intervêm e “atacam” quem nos tem atacado durante anos a fio, e essa gente não é falada aqui!
    O momento que se vive é assustador pois poderá ser condenada toda uma série de liberdades, gerações e futuro. Não o merecemos!
    Penso que se todos nos ajudarmos e apoiarmos mutuamente o resultado será muito mais visivel e eficáz.
    Despeço-me com a frase, “ás vezes a menor das acções é superior á maior das intenções!”
    No fundo somos todos nós povo, os “palhaços” ou não!! 😉

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