Ministro das Infraestruturas e Ministra da Saúde Deveriam ser Demitidos?

Depois de nos habituarmos às caricatas crónicas diárias de Marta Temido (Ministra da Saúde) e Graça Freitas (Diretora da DGS) na RTP desde o início da crise pandémica da Covid-19, durante as quais inúmeras contradições e informações polémicas foram disseminadas, assistimos agora a uma possível segunda vaga pandémica em expansão, sobretudo na Grande Lisboa, por falta de aplicabilidade de medidas adequadas à contenção das cadeias de transmissão. No seguimento do desconfinamento, as medidas teóricas anunciadas cumprem padrões lógicos e até satisfatórios, de acordo com a OMS, mas a aplicabilidade à realidade por parte das diversas entidades fiscalizatórias envolvidas carece de um controlo apertado. Por falta deste controlo, os transportes da Grande Lisboa, Metro, Carris, Comboios e Transtejo, em hora de ponta, não permitem cumprir os mais elementares critérios de distância social nem de higienização dos equipamentos.

Na Grande Entrevista de ontem à RTP, a Ministra da Saúde, admitiu que não está a ter êxito a tentativa de quebra das cadeias de transmissão, em resposta às fortes críticas desta semana sobre as “Chefias da Saúde” (Ministério da Saúde e DGS), as quais estiveram no escopo do Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, justamente por não garantirem uma fiscalização adequada das medidas anti-pandémicas aplicadas aos transportes. Marta Temido negou ainda, apesar de todas as evidências no terreno, que os transportes da Grande Lisboa fossem um foco de transmissão do Novo Coronavírus. Um contrassenso, se considerarmos que nos últimos dias inúmeras reportagens de rua provaram com imagens e testemunhos de cidadãos e jornalistas precisamente o contrário, em hora de ponta, sobretudo autocarros e metro sobrelotados. O caso é tão grave que o Presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras, ameaça criar um cerco sanitário aos transportes públicos que entrem no concelho que preside, na tentativa de quebrar as cadeias de transmissão, que estão a fazer aumentar exponencialmente a doença.

Também Pedro Nuno Santos, Ministro das Infraestruturas, admitiu esta semana na Assembleia da República, existirem dificuldades em garantir a aplicabilidade das medidas impostas pela DGS nos transportes, em especial nos comboios, por não ser possível sobrecarregar ainda mais a frequência de composições. O mesmo Ministro também se manifestou contra a imposição de limite máximo de lotação de carruagens ou composições, assumindo que não será possível manter a distância social de 2 metros, necessária, mesmo com máscara, para evitar contágios. Recorde-se que o mesmo Ministro aprovou as medidas que estão a ser aplicadas na aviação comercial, com lotações de 100% em cabina, mesmo para viagens de longo curso. Mas segundo estes dois ministros, mesmo não se cumprindo as regras necessárias para evitar a transmissão do vírus, não existem provas de que a contaminação se está a dar nos transportes. Segundo Marta Temido, a maior transmissibilidade dá-se nas empresas.

O absurdo desta situação, é que foram os próprios a lançar as medidas de contenção da pandemia, as mesmas medidas que admitem não estar a ser cumpridas. Mas ao negarem a perigosidade do contágio por falta de cumprimento das mesmas, não tornam irrelevantes a sua função enquanto ministros, nas pastas da Saúde e Infraestruturas?

E pior do que tudo, desde o dia 1 de Julho, começaram a chegar turistas de vários países da Europa e do Resto do Mundo, sem qualquer controlo no Aeroporto de Lisboa. E com os transportes públicos nestas condições e a sobrelotação da aviação comercial, as cadeias de transmissão chegarão rapidamente ao rubro.

Pois então que se demitam estes dois ministros ou que sejam demitidos por quem de direito. Tomarem os cidadãos por parvos é que não.

Texto de Pedro M. Duarte

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