No começo de março, durante as férias, li um twit de um estudante de IT de nome Rui Teixeira em que este dizia que tinha consultado os sites dos municípios portugueses e descoberto que 25% não publicavam os seus orçamentos: https://twitter.com/ruipfteixeira/status/1365362759769214976. A partir daqui e porque já levo 6 anos de escrutínio ao orçamento da Junta de Freguesia onde vivo (Areeiro: Lisboa) pensei ocupar o meu tempo livre com a ideia de Rui Teixeira e expandi-la com mais métricas e criar, assim, um índice comparativo. E assim foi: durante todo um domingo e uma boa parte de segunda-feira visitei todos os 24 sites das Juntas de Freguesia, e do “a” de Ajuda ao “s” de São Vicente fui navegando pelos sites e criando, uma a uma, as métricas que correspondiam às informações e aos serviços que as Juntas colocavam ou informavam existir online.
O produto deste trabalho cidadão de “tempos livres” foi o “Índice de Digitalização e Transparência Digital das Juntas de Freguesia de Lisboa” que, embora tenha começado como um trabalho individual cedo estendi aos coordenadores dos outros grupos de Vizinhos de Lisboa que pertence à associação de “Vizinhos em Lisboa” os quais acabaram contribuindo com algumas métricas que enriqueceram (e muito) a qualidade e amplitude do índice que é, sejamos claros, a mais ambiciosa tentativa de fazer algo assim em Portugal uma vez que o “A presença na Internet das juntas de freguesia portuguesas: período 2002-2013” da Universidade do Minho (http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/36925/1/Prof.Luis%20Amaral_Dr.David%20Leal.pdf) coordenado por Luís Amaral não foi tão profundamente nos sites das Juntas nem tinha um tão extenso conjunto de métricas simples e agregadas como este índice (36 métricas diferentes, das quais duas agregadas: a “pegada” nas Redes Sociais e a do desempenho dos sites).
O principal foco do índice era a Transparência (um reflexo das minhas prioridades da minha actividade de escrutínio cidadão na Freguesia onde vivo) mas adicionei também métricas de segurança informática, desempenho e presença e alcance nas redes sociais (Facebook, Instagram, Youtube e WhatsApp). Desta visita aos sites das Juntas a primeira observação foi de que 9 das 24 Juntas de Lisboa não tinham o orçamento de 2021 (já em execução) publicado: Há certamente razões para isto acontecer, e algumas têm a ver com o momento especial em que nos encontramos mas uma Junta tinha publicado o último orçamento em 2016, outra em 2019, seis em 2020 e uma nunca tinha publicado um orçamento (embora tivesse as opções do plano actualizadas para 2021).
O Índice de Digitalização e Transparência Digital das Juntas de Freguesia de Lisboa foi enviado às 24 Juntas de Lisboa com um prazo de 48 H para que pudessem corrigir algum erro do índice ou, até, colocar mais dados online. E de facto, durante esse período de tempo duas Juntas, em resposta, colocaram mais informações nos seus sites (sem que isso, contudo, tivesse afectado o posicionamento de ambas no ranking).
Os resultados das métricas foram somados num único índice e produziram uma ordenação que pode ser lida (para registo histórico e acompanhamento futuro) encontram-se na folha “Ordenador de Juntas Digitais” do Índice e colocam no seu top 3:
https://www.jf-alvalade.pt
https://www.jf-parquedasnacoes.pt
https://jf-areeiro.pt
(o que premeia o bom trabalho destes três Executivos: Muito Bem a todos assim como aos demais listados no Top 10).
O Objectivo, agora, é tornar a repetir, anualmente, este índice, por forma a acompanhar a evolução dos sites das Juntas de Lisboa e a promover as boas práticas que o índice valoriza.
O índice pode ser lido em:
https://docs.google.com/spreadsheets/d/1oRyqU1E2Dk9RRa5BJ77CK5MiA1EXwVFtLgQUkRqxzN0/edit?usp=sharing