O Triste Espetáculo de Isabel Jonet

Isabel Jonet, dirigente do Banco Alimentar, diz que os Portugueses se devem habituar ao empobrecimento. É normal, visto que como presidente da Federação Europeia dos Bancos Alimentares Contra a Fome, posição que ocupa desde Maio de 2012, a sua influência só aumenta e consolida através do empobrecimento e do aumento da fome tanto em Portugal como na Europa, como o demonstra o artigo ‘Quem Ganha com a Fome em Portugal‘.

Isabel Jonet na sua entrevista à Sic Notícias, a 6 de Novembro de 2012

Diz Jonet, pessoa muito rica e privilegiada, que os Portugueses ‘vão ter que aprender a viver com menos.’ Afirma que vamos ter que ‘reaprender a viver mais pobres.’ ‘Estamos sobretudo a empobrecer, realmente, mas estamos a empobrecer porque vivíamos muito acima nas nossas possibilidades.’ Afirma igualmente que ‘há toda uma concepção de vida, e de consumo, e de necessidade permanente de consumo, e de necessidade permanente de bens, para a satisfação das pessoas, e que conduz à felicidade, que não é real.’

Defende que a geração mais nova gasta demasiado porque “os meus filhos lavam os dentes com a torneira a correr… Há aqui uma maneira diferente de viver… Há toda uma reaprendizagem de vida, que ou vamos a um concerto de Rock, ou efetivamente podemos tirar uma radiografia quando caímos numa aula de ginástica… Há toda uma faixa de idade que vivem muito acima das suas possibilidade… Há que fazer uma lógica quase de doméstica, de contabilidade doméstica, se nós não temos dinheiro para comer bifes todos os dias, não podemos comer bifes todos os dias. Esse empobrecimento é pelo facto de nós estarmos habituados a comer bifes todos os dias, pensarmos que podemos comer bifes todos os dias, não podemos”. Portanto aqui está uma pessoa extremamente rica a dizer aos Portugueses que estão errados ao querer consumir proteínas animais todos os dias. Mas será que Jonet ela própria come de maneira frugal? Duvidamos sinceramente.

Atingindo um nível cada vez mais ridículo, Jonet continua: “Tínhamos pensado que poderíamos viver melhor porque estava tudo garantido, alguém havia de pagar, mas o ‘alguém havia de pagar’ deixou de poder ser assim. Porque efetivamente não há alguém que vai pagar. E porque efetivamente não há sustentabilidade na Europa para haver sempre que alguém dá para Portugal e para a Espanha… E cá em Portugal podemos estar mais pobres, mas não há miséria”. Portanto Jonet afirma que em Portugal ‘não há miséria’, mesmo sendo com mais de um milhão e meio de desempregados, com a fome e subnutrição a subir em flecha, com os suicídios a aumentar, e com cada vez mais Portugueses a não ter dinheiro para pagar luz, electricidade, alojamento, educação, etc.

Depois Jonet continua com este triste espetáculo culpando os jovens porque ainda estão em casa dos pais, dizendo que muitos nunca vão encontrar emprego, e que os seus pais muitas vezes deixam de ter dinheiro para comer porque os filhos vão a ‘concertos de Rock’, sendo a culpa também dos pais porque não souberam educar os filhos. Os insultos baseados em estereótipos constituem em grande parte a base para o ‘raciocínio’ de Isabel Jonet.

“Temos uma pobreza mais conjuntural e que faz com que apereçam pessoas sem rendimentos que não têm lugar no mercado de trabalho mesmo quando têm qualificações… O desemprego é talvez o maior flagelo que existe na sociedade Portuguesa, porque é um desemprego sem esperança. Todas as pessoas de 45, 46, 47 anos nunca mais vão ter lugar no mercado de trabalho, a menos que lancem um pequeno negócio. Porque, ou não têm lugar porque não têm as qualificações, ou não têm lugar porque mudou a estrutura de emprego. Então há que encarar que temos que mudar a maneira como olhamos para a organização da sociedade… Temos que fazer um esforço não olhando para o que vai deixar de ter como um empobrecimento, mas se calhar como uma necessidade de voltar para aquilo que é o mais básico. E não ter uma expectativa que podemos viver com mais do que aquilo que necessitamos, como estávamos a viver, porque não há dinheiro, na sociedade como em todo…”

Em conclusão, o discurso de Jonet tem todos os pilares da propaganda do Governo atual assim de como a grande parte da classe política dominante da Europa. Culpa os jovens, os desempregados, e a população em geral para o estado de empobrecimento e endividamento, esquecendo-se de abordar as desigualdades económicas e políticas. Esquece-se de mencionar a que ponto a crise da dívida advém de fraude financeira e sistemas de financiamento dos Estados que mandatam o endividamento público. No mundo de Jonet, as PPPs, os submarinos, a exploração, as mentiras dos governantes, entre outros factores preponderantes não existem. Porém, existem desempregados inúteis, Portugueses dispendiosos, pais incompetentes, jovens que nada mais fazem do que ir a concertos Rock. Pior ainda, no mundo de Jonet, não existe miséria em Portugal. Obviamente não é a proximidade para com os pobres que lhe serviu de lição. O mundo de Jonet é o mundo da classe dominante, do privilégio, da riqueza, do poder político desmesurado, dos estereótipos que nada têm a ver com a realidade. Em suma, é o mundo onde os ricos e os governantes estão isentos de culpas e onde os pobres não passam de inúteis sanguessugas. E o pior é que o diz sem a mínima gota de vergonha. Que triste espectáculo, que detestável intervenção.

Video completo:

Via: Movimento Sem Emprego

Página Internet: http://www.movimentosememprego.info/

Página Facebook: https://www.facebook.com/pages/Movimento-Sem-Emprego/296111943815080?fref=ts

E artigo original no Facebook.

João Silva Jordão

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17 respostas

    1. Mas vivem em que Mundo? Esta Srª pode não ter sido muito feliz na forma como se expressou, mas está coberta de razão…todos nós o constatamos, enfim não foi “politicamente correcta”, e isso hoje em dia é crime!!

  1. Considero triste o comentário à entrevista da Jonet. Desafio o articulista e autor deste comentário a fazer igual ao que ela fez, fundar uma instituição de ajuda a quem nada ou pouco tem. É que isto de criticar os outros na net é fácil, meter as mãos na massa e lidar com as pessoas no terreno é que é dificil.

    1. Rui, subscrevo integramente o seu comentário.
      É mto triste ver a forma como se distorce a mensagem que Isabel Jonet transmitiu. Enfim, é o País que temos e o povo que somos. E é aqui que está a raiz da nossa pobreza, enquanto não encararmos essa realidade vamos continar a ser um país de indignados…

  2. Sempre foi o descargo de consciencia desta gente ajudar os pobrezinhos, falou como quem nunca soube nem teve conhecimento das dificuldades de quem apesar de ter trabalho sempre viveu na pobreza enquanto estas pessoas prosperam com o dinheiro do trabalho dos outros, e são eles é que vivem acima das suas possiblidades, são estes parasitas que nos fazem pagar a divida do nivel de vida deles que são responsaveis por isto.

  3. Depois de ouvir esta triste entrevista de uma sra. que até merecia a minha admiração só tenho duas coisa a dizer: 1- Nunca mais darei um centimo que seja ao banco alimentar (se souber de algum caso em que possa ajudar ajudo individualmente como já o fiz e enquanto tiver possibilidade para tal. 2- Voltem FP-25 estão perdoados. Ao sr Rui digo que quem diz o que não deve ouve aquilo que não gosta.

  4. Rui eu concordo plenamente consigo. Como diz o balde de cal, trabalhar é para os pretos. Se eles podem viver em casa dos pais sem fazer nada e, muitas vezes, a gozar o rendimento mínimo, porque raio é que teem que se levantar cedo para trabalhar !!! E a si, José,também dou razão mas no inverso que é: quem ouve aquili que não gosta, diz o que não deve.

  5. O meu filho tem 27 anos, estudou, trabalha desde os 19 anos, tinha a sua casa onde vivia sozinho. Acabou o contrato de trabalho e porque reduziram o pessoal mandaram embora os contratados. Tem tentado tudo e não conseguiu arranjar outro trabalho até agora, tendo de voltar a morar comigo. O que chamamos a isto? Ahh… o meu filho não vai a concertos rock e era independente e agora se calhar tem de ir trabalhar para o estrangeiro! Fico triste quando vem uma senhora dizer que os filhos dela é que são bons e o meu é um empecilho!!!

  6. a Isabel Jone foi correta e educada no que disse. Quem disser o contrario do que esta senhora teve a coragem de dizer, mente.
    Aqueles que não estão de acordo com este discurso, , nse tiverem empregos e um salario, porque é que não se organizam para trabalharem metade das horas de trabalho, para repartirirem o seu emprego e o seu salario (com dignidade) com outras pessoas que estejam no desemprego. Dizer mal deste dsicurso,, propagandear a troco não sei de quê e ficar sentado (a) a “clicar” no Ipad, Iphone e outros ais que tais é super confortável, mas sinceramente é muito pouco.

  7. Santa ignorancia e desrespeito. Esta senhora não disse mais do que a verdade, ainda por cima com conhecimento de causa e obra feita. Quantos de nós podemos dizer o mesmo? Haja mais respeito. Falar é fácil. Um bem haja à Isabel Jonet. Houvessem mais como ela e não estariamos assim.

  8. Ainda bem que há pessoas como ela… Criticar é fácil!
    Talvez quem a estejam a crucificar por uma frase infeliz nunca fez nem um centésimo do que ela faz pelos outros e… sim´é verdade, andamos todos a viver acima daquilo que podemos.
    Vejo ao meu lado jovens com telemóveis de 3ª e 4ª geração, roupas de marca, a assistirem a todos os concertos de musica do verão, belas férias, a “paparem” os subsídios escolares (à conta do estado, que somos todos nós!) e muitas vezes os pais com muitas dificuldades. É vergonhoso!! Chegamos onde estamos e a culpa não foi só dos OUTROS!

  9. Esta Senhora tem uma excelente obra feita e que apoia milhares de famílias portuguesas e só porque teve uma saída infeliz num programa de tv estão a tentar crucificá-la… Vão-se curar!

  10. Se não tem dinheiro para comer bifes, coma ovo. É proteína na mesma e é mais barato. A Dona Isabel Jonet tem mais que razão, embora o seu discurso tenha se perdido um pouco pelo caminho. Em Portugal, muitos viveram acima da média, iludidos com o crédito fácil e não se preocupando com o dia de amanhã. Contam com que alguém lhes pague a conta e deixam de produzir. Claro está que as PPP´s, os submarinos e a mamata da banca são a maior vergonha desse país, mas a mentalidade da população TEM que mudar para começar a produzir e deixar de esperar que lhes encham a boca sem nada fazer. Aqui peca-se pela preguiça, pela espera de que o Estado salvará a sua empresa. Vive-se, sim, acima da média e querem que a vida boa continue. Trabalhem e deixem de esperar que a graça caia do céu ou que seja depositada na sua conta… Se quiserem comer bifes, tenham carros menos dispendiosos ou andem de transportes públicos. Se quiserem comer fora, não vão a todos os festivais do ano. Se quiserem dinheirinho no bolso, trabalhem, meus amigos, porque quem tem dinheiro sem trabalhar é porque ganhou na loteria ou já nasceu rico. E isso não é um privilégio da maioria. Viva a Dona Isabel Jonet que teve coragem de atirar a porcaria ao vento para alguns saberem que não é só o Governo que tem a culpa. Grande parte da população pouco produtiva também o tem. Abaixo ao desperdício e viva a produção nacional!

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