Desconfinamento na Aviação Comercial: Tudo ao Molho e Fé em Deus

Todos ficámos perplexos esta semana quando ouvimos as notícias mudarem, de um dia para o outro. Afinal a aviação comercial, dentro do território português já não vai ter restrições de 50% na ocupação das aeronaves. Pode, pelo contrário, ocupá-las a 100%. Todo o fenómeno novo coronavírus tem tido inúmeros episódios contraditórios como o desta semana da OMS que num dia refutou a hipótese de uma segunda vaga para no dia seguinte alertar para o perigo de um ressurgir do pico da pandemia devido ao desconfinamento que está a acontecer, de uma forma generalizada, pela maioria dos países. Mas este caso das companhias aéreas é uma evidência do poder negocial deste grupo junto dos políticos e da OMS. As medidas que estão a vigorar nos autocarros e transportes públicos vão ser aplicadas à aviação. A diferença é que um voo pode demorar horas e os passageiros, mesmo equipados com máscaras, vão ter de se deslocar no corredor, tossindo, vomitando, agarrando-se às cadeiras, vão ter de partilhar o mesmo ar com centenas de outras pessoas num espaço extremamente confinado e vão estar sujeitos a ar condicionado de grande pressão (durante o lockdown o ar-condicionado esteve proibido nos supermercados, por exemplo, por se provar que ajudava a propagar o vírus).

A profissão de assistente de bordo vai passar a ser de alto risco. Não sendo um risco tão imediato como o do pessoal médico e assistentes em unidades hospitalares que tratam a Covid-19, estes profissionais das companhias de aviação estarão sujeitos a lidar com centenas de pessoas, nas quais estarão certamente alguns portadores do novo coronavírus. Distribuir comida, recolher tabuleiros, desinfetar os vários WC após cada utilização, passarão não só a ser ações de alto risco de contaminação destes profissionais, como vão estar acrescidos de stress. A máscara, luvas e viseira não impedem a propagação, apenas a reduzem. E por essa mesma razão, a Qatar Airways decidiu equipar o seu pessoal de bordo com proteção completa. Também a AirAsia, Emirates e Philippine Airlines já reequiparam o seu pessoal de cabine, adaptado-se à nova realidade. Claro que se vai o glamour da profissão. E os passageiros mais parecerão utentes ingressados num hospital. Mas são as contingências dos novos tempos. A segurança primeiro. Em teoria, porque na prática os passageiros vão estar “apinhados”, como é costume nas companhias lowcost.

Mesmo entendendo que as companhias aéreas têm os seus preços já estipulados e que jogam na ocupação máxima para rentabilizarem o seu negócio de preços mais baixos, estou certo que a medida de ocupar as aeronaves a 100% vai causar sérios problemas a curto e médio-prazo, a nível pandémico. Em caso de contaminação, haverá direito a indemnização, ou os passageiros passarão a assinar eletronicamente, sem se aperceberem, um termo de responsabilidade ao estarem a aceitar viajar nestas condições?

A TAP, por exemplo passará de 27 voos semanais em junho, lotados, para 247 semanais no mês seguinte, também eles lotados. Já em junho vai regressar a NY (centro mundial da pandemia), a Luanda e Maputo. A Ryanair vai retomar apenas 40% dos voos, a maioria para o aeroporto de Faro, prevendo-se uma enchente de ingleses no Algarve. Este passar de 8 a 80 em poucas semanas não augura nada de bom. Apesar do coronavírus não se dar bem com o calor, passámos de um confinamento rigoroso a um desconfinamento exponencial. E porquê?

Afinal de contas, mediante estas medidas de desconfinamento, devemos assumir que tudo isto não foi mais do que uma gigantesca manobra mundial da OMS para se colocar no centro das atenções e gerar negócios de triliões na área dos equipamentos de proteção, testes, medicamentos e vacinas? Na realidade é o que parece…

Texto de Pedro M. Duarte

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