Robert Glass, Embaixador dos Estados Unidos em Portugal, escolhido por Trump após a sua eleição, resolveu enviar cerca de 1.000 convites às mais variadas personalidades portuguesas e estrangeiras em Lisboa para a celebração do Dia da Independência Norte-Americano 4 de Julho, nesta quinta-feira dia 2, na propriedade da Embaixada, junto à Av. das Forças Armadas. A notícia foi avançada pela TVI num direto à porta de entrada para o evento, ao final da tarde, onde se podiam observar vários convidados a chegar, apoiados pela PSP, a qual garantia a segurança na zona pública exterior à propriedade. No convite do evento constava a nota de que os convidados poderiam ou não apresentar-se com máscara. À entrada, a temperatura dos convidados era verificada através de leitura óptico-térmica.
Num momento em que Lisboa se enfrenta a graves problemas de expansão epidémica, que levaram a que vários países proibissem a entrada de portugueses nos seus territórios, a violação irresponsável do Comunicado do Conselho de Ministros de 25 de Junho de 2020 por parte deste embaixador, vem desrespeitar os mais elementares valores diplomáticos e éticos que se podem permitir a tão alto representante de uma nação, em território português. Na mesma postura arrogante anti-epidemia de Donald Trump, este seu “protegido” vem desta forma violar gravemente as Leis da República Portuguesa, colocando em risco pessoas que venham a estar em contacto com os convidados que participaram no evento.
É que a medição de temperatura apenas deteta eventuais casos de pessoas que apresentem sintomas. Os assintomáticos não apresentam febre, mas podem ser, na mesma, veículo de transmissão. A festa que reuniu centenas de pessoas que não cumpriram, na maioria o afastamento social obrigatório nem o uso de máscara para eventos em espaços interiores, tornou-se assim num potencial foco de infeção do novo coronavírus. Tendo em consideração que nos Estados Unidos uma parte significativa da população, sobretudo os apoiantes do Presidente, são contra o uso de máscara, este evento organizado por Robert Glass parece representar, por um lado, uma clara provocação à situação pandémica de Portugal, por outro, uma afronta aos cidadãos anti-Trump.
Esta postura sem ética, a mesma de Trump, que contou com o apoio logístico da PSP, contraria todas as leis da lógica e do respeito pela legislação portuguesa, imposta no contexto da Pandemia Mundial da Covid-19.
Shame on you, Mr Ambassador !

Leis / Informação adicional relacionada com os privilégios dos Embaixadores e das Embaixadas:
- Decreto-Lei n.º 48295 – Convenção sobre Relações Diplomáticas, celebrada em Viena em 18 de Abril de 1961
- Imunidade (diplomática) é impunidade? (Artigo de 23 ago 2016, Jornal Observador, Texto de João de Almeida Dias)
2 respostas
Um convite, mesmo diplomático, pode recusar-se… Os que aceitaram e estiveram presentes são coniventes com o desrespeito, seria bom saber quem foram
após o evento em território americano, como é o caso de uma embaixada, todos os convidados deveriam ter sido obrigados à quarentena, pelas autoridades portuguesas, antes de qualquer circulação em territótio nacional.