Há hoje uma arena de batalha ideológica à qual não se está a dar a devida importância, nomeadamente, aos demais indícios que estamos a entrar na era das batalhas ideológicas ambientais e ecológicas.
Longe de ser um tema consensual, estamos a constatar cada vez mais conflitos, greves e até ataques terroristas que têm no seu epicentro questões ambientais e ecológicas.
Aqui estão alguns elementos interligados que demais comentadores estão a analisar como fenómenos isolados sem notarem o devido fio condutor comum ideológico, que é claramente ambiental e ecológico.

Os protestos dos Gilets Jaunes que marcaram a 23 de Março de 2019 o seu 19º fim-de-semana de protesto começaram como uma contestação à escala nacional às “taxas de carbono” aplicadas sobre o combustível, e essa mesma questão ainda está no centro do debate e conflito entre os Gilets Jaunes e o governo. O governo até tentou a suspensão destes novos impostos para acabar com os protestos, sem sucesso. A situação está cada vez mais grave, e o governo de Macron envia agora o exército para as ruas, o que está a ser visto por alguns como uma declaração de guerra contra o povo. É provavelmente a primeira instância onde questões ambientais e ecológicas foram o catalista para uma revolta deste tamanho, e com esta duração, na história recente- poderá até no futuro ser visto como a primeira grande revolta contra medidas supostamente “ambientais e ecológicas”.

Esta semana surgiu uma notícia sobre como algumas pessoas estão a internalizar conceitos sobre controle de população, a alegada sobrepopulação, nomeadamente ao decidir não ter filhos por razões ecológicas.
Esta última notícia lembrou-me de um texto que escrevi em 2011, do qual já nem me lembrava, mas que parece ser outra vez altamente relevante, chamado Cancro da Terra, onde falo da falta de analise crítica que alguns setores parecem ter relativamente a estas questões, assim como o sentimento de culpa coletiva que algumas estirpes do movimento ambientalista parece carregar.
Um dos maiores acontecimentos de Fevereiro de 2019, ou até de 2019 em geral, foi a greve mundial estudantil pelo clima.

Mas a defesa do meio ambiente não se limita hoje a movimentos tendencialmente de esquerda: Estão a aparecer cada vez mais, entre a extrema-direita, grupos que se auto-denominam como “eco-fascistas”, como noticiou recentemente o conceituado jornal Britânico The Guardian- o terrorista que matou 50 pessoas e feriu no ataque a uma mesquita em Christchurch na Nova Zelândia diz-se eco-fascista.
Podiamos mencionar muitos mais episódios, debates e acontecimentos, mas espero que estes exemplos cheguem para realçar a importância e gravidade da situação.
É algo surpreendente que poucos tenham feito até agora a ligação entre estes acontecimentos e retirado daí as devidas conclusões. Pendo que estes elementos são mais do que suficientes para podermos dizer que entramos definitivamente na era das batalhas ideológicas ambientais e ecológicas.