As Megeras Hoje em Dia São Liberais e de “Esquerda”

Nota editorial (31 de Julho de 2023): foram feitas algumas correções ao texto assim como foi adicionada uma frase importante no final do texto sobre “megeros” de forma a que se torne explicito que o problema aqui diagnosticado não pode e não deve ser só limitado a mulheres liberais, sendo homens liberais igualmente e cada vez mais afetados pelas dinâmicas aqui discutidas.

 

Quanto pensamos numa “megera”, qual é a imagem que vem à cabeça? Normalmente seria a imagem de uma senhora velha e frustrada, que passa a vida a infernizar a vida dos outros, não se apercebendo que o faz por inveja e rancor. Talvez ainda seja assim o caso. Mas hoje em dia temos uma nova estirpe de megera que se junta às outras que já existiam- a megera liberal de esquerda. A regra de ouro desta estirpe de megeras é que “a miséria adora companhia”. São infelizes na sua vida amorosa e não descansam até que todos o sejam também.

Os liberais sempre lutaram pela liberdade sexual, mas agora a tendência parece ser a de fazer uma inversão completa e ter-se tornado, ironia das ironias, na ala que mais afincadamente tenta policiar a vida dos outros. Como as megeras sempre fizeram, somente agora muitas vezes mascarado de ativismo político.

A cara que a megera faz quando vê casais felizes, ou quando encontra Bubbly’s in the Fridge (Foto retirada da telenovela Britânica EastEnders, contexto desta piada, aqui)

Pior ainda, tendem a opinar sobre tudo e todos, intrometendo-se na vida alheia, como se fossem uma autoridade sobre como a sociedade deve reger a sua vida amorosa.

Tenho uma regra de ouro no que toca a minha vida amorosa: nunca aceito conselhos sobre a vossa vida amorosa de pessoas cuja vida amorosa é um desastre. E isso inclui naturalmente ignorar a maior parte dos conceitos sobre este assunto vindo da maioria das pessoas tendencialmente liberais.

Esta ala liberalóide insiste em querer mandar na vida amorosa e sexual dos outros, e não gosta que haja contraditório sequer, tendendo a adjetivar toda e qualquer ideia de que não gostem como sendo “machista”, “sexista”, ou um outro qualquer adjectivo- por vezes têm razão, mas muitas vezes, fariam melhor de fazer uma crítica às suas próprias práticas e ideias.

Por “coincidência”, normalmente o padrão que conseguimos reconhecer facilmente é que quanto mais estas pessoas têm a vida amorosa num caos, ou em muitos casos quanto mais a sua vida amorosa se aproxima da inexistência, mais agressivos e agressivas são nas suas tentativas de tentar mandar na vida dos outros. É mesmo muito peculiar. E enquanto que as megeras de antigamente tendiam a ser conservadoras, as novas megeras são “liberais”, e em vez de idosas, tendem a ser relativamente jovens. É uma inversão da realidade relativamente fascinante.

Tradução: “rapariga- o meu namo…” | “eu- larga-o!” Esta é uma piada que não é assim tão fictícia quanto possa parecer. Há um flagelo a assombrar as nossas terras- as “amigas” frustradas que dão maus conselhos para que as suas amigas se tornem tão solitárias e frustradas quanto elas

O que é, afinal de contas, ser “liberal” na arena amorosa e sexual?

Ser “liberal” na área amorosa é sacralizar a vontade individual e elevá-la acima de toda outra consideração, rejeitando qualquer pensamento estruturado e escrutínio intelectual. Ora, a ala liberal perdeu de vista a função reprodutiva do sexo, para dar um exemplo, e tenta vê-lo só e unicamente pelo prisma do prazer individual hedonista. Ou seja, os liberais exageram completamente e tentam em vão simplificar uma questão inerentemente multidimensional, ironicamente da mesma forma, somente inversa, que os conversadores dantes faziam e continuam de certa forma a fazer, sendo que os conservadores muitas vezes só se focam na função reprodutiva do sexo, tentando ignorar ou até abafar e reprimir a dimensão do prazer individual do sexo. Os liberais hoje em dia são culpados do mesmo exagero e miopia, somente de forma inversa- tendem a ignorar a função reprodutiva e social do amor, do sexo e do matrimónio. Todas as considerações sociais e coletivas ou são secundárias à vontade individual, ou são ignoradas completamente. O resultado? Individualismo acrescido, e sobretudo, uma sociedade cada vez mais amorosamente e sexualmente disfuncional.

“o meu namorado pensa que eu devo…” | “o meu namorado não gosta quando eu…” | “o meu namorado não quer que eu fale com…” -> “Larga-o!” Talvez a ultima até faça sentido, mas mais uma vez, esta piada é mais próxima da realidade do que possa parecer. O padrão- ver as relações como sendo descartáveis, não saber negociar e comunicar num contexto amoroso, e sobretudo, dar maus conselhos à amiga porque se é megera

O liberalismo neste contexto, e talvez não somente neste contexto, é uma espécie de individualismo extremo que tende a resultar numa desfuncionalidade notável, e paradoxalmente, numa profunda frustração sexual, a qual depois tem vários resultados nefastos, um deles sendo que tentam, por vezes sem se aperceberem, destruir a vida amorosa dos outros.

Vejamos um cenário específico- uma pessoa muito liberal que não consegue arranjar parceiro/parceira, e então está sempre a tentar diagnosticar, sem que ninguém lhe tenha perguntado nada, problemas nas relações dos outros, pegando inclusive em ações e tendências normais que os casais têm e ver nisso “abuso” quando não está lá abuso absolutamente nenhum, tratando-se somente de dificuldades normais em relações amorosas. É óbvio que existem casos, claro, de abusos reais. Mas esta ala vai ver abusos em absolutamente tudo, mesmo quando claramente não estão lá, interpretando todas relações amorosas em si como um problema a resolver, neste caso, a substituir por uma vida de solidão e individualismo.

Estas pessoas, a terem relações, tendem a ser também altamente individualistas, e as relações tendem a ser tumultuosas e de curto prazo, precisamente porque não conseguem olhar para o outro ou outra sem ver um efetivo ou potential perigoso abusador. Tentar agradar o parceiro ou parceiro está fora de questão, claro, porque embate com o seu profundo individualismo e egocentrismo. Ou seja, são as últimas pessoas à face da terra que deviam opinar sobre o assunto, e sobretudo, toda e qualquer pessoa minimamente racional e que pretende ter uma visa amorosa concretizada e funcional deve a todo o custo ignorar conselhos vindos de megeras e… Destes megeros, porque sim, no fabuloso e fascinante mundo da frustração amorosa liberal, muitos, e talvez cada vez mais das pessoas ultra-frustradas não são mulheres, são homens cuja miséria amorosa e sexual se esconde por detrás deste falso moralismo insuportável.

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