
Uma das lições mais importantes que alguma vez me foi ensinada. Trata as crianças com respeito. Pois elas têm tendência a crescer. Um dia estamos nós a ensinar-lhes a andar. O dia seguinte já são capazes das ultrapassagens das mais agressivas.
Quem é o mais rápido agora?
O amigo que me ensinou esta teoria aprendeu da seguinte maneira; Achava-se mais esperto e mais mau. Atormentou um betinho. Uma, duas vezes. À terceira, já a vitima se tinha tornado mais atrevido do que o ladrão. Armado de argolas de ouro, um olhar que desprezava sem discriminação, e uns quantos discípulos dedicados, não hesitou em rodear o ladrão na revolta mais revoltada de sempre.
Quem é o mais forte agora?
Quem são estes putos que, irreverentes, que preferem aprender a ser ensinados? Somos todos nós, cujo percurso é mais inevitável do é estatisticamente improvável.
Quem é o mais esperto agora?
Crescemos. Crescemos bem e crescemos mal. Direitos ou tortos, muitas vezes com confiança, por vezes nem por isso. Os putos são a excelência da vida, essa que vida que nada mais é do que o visível entre dois invisíveis; E estão mais perto do nascimento do que da morte. Não crescem por vontade própria, mas porque este é o seu destino. Mais leais ao futuro do que os adultos são ao presente, mesmo os seus erros soam a poesia. Quando choram, não lamentam, reivindiquem.
Quem é o mais vivo agora?
Não se rebaixam perante nenhum homem, e não ligam mesmo nada à alta cultura. Para eles a psicanálise não é mais do que uma piada cara, e a antropologia não passa de conversa fiada. Estas crianças que não respeitam os velhinhos e que vêm no amanhã um desafio bastante fácil.
Quão degeneradas nos saíram estas nossas crianças!
João Silva Jordão