Desconfio mesmo muito destas campanhas incessantes para coagir as pessoas a tornarem-se veganas, ou seja, para convencer as pessoas a deixar de comer produtos animais- vou tentar explicar porquê.
Vou começar com uma história. Se eu estiver na Inglaterra, numa quinta, e tiver uma vaca, vou referir-me a ela como uma “cow”. Mas se a matar e a comer, não vou dizer que estou a comer “cow”. Estaria a comer “beef”. Porquê? Porque na Inglaterra medieval os campesinos eram sobretudo descendentes de tribos Germânicas, ou seja, Alemãs. Mas os mestres feudais eram descendentes dos “Normands”, ora, Franceses. Os campesinos cultivavam animais mas raramente os comiam. Quem comia a carne eram os mestres feudais.
Ou como explica a seguinte passagem do artigo “Como o Vocabulário Inglês Reflete Diferenças Sociais do Passado“: “A explicação comum para esta distinção é que, após a conquista, os Normandos deixaram o cuidado dos animais para os seus servos Saxões, que continuaram usando os nomes antigos para as criaturas vivas. A carne ia depois para a mesa de seus mestres Normandos, que se referiam a ela com as suas próprias palavras…”
Ou seja, o facto de, na língua Inglesa, muitos animais terem nomes diferentes dependendo de se estão a ser cultivados, ou a serem comidos, advém de uma divisão linguística que por si reflete uma divisão de classe. Nomeadamente, entre dominantes, e dominados. Os dominantes comem carne, os dominados, não.
O acesso à carne, para a maioria da população, é uma conquista histórica relativamente recente. Outro elemento importante- estudos científicos demonstram claramente que a altura médias dos homens (e assume-se também portanto, das mulheres) está ligada à quantidade e qualidade da proteína que conseguem ingerir. Um outro estudo demonstra não somente que as pessoas mais altas tendem a ser mais ricas, a ter um maior nível de escolaridade e um estatuto social mais elevado- Afirma também que a qualidade da alimentação durante a infância e adolescência afeta a altura média na idade adulta. E que a diferença da altura média entre os países mais ricos está a aumentar. Diz também que uma alimentação com mais aditivos artificiais e menos produtos animais é um fator importante para a malnutrição, e portanto, para uma altura média mais reduzida.
É óbvio que os efeitos de comer pouca, ou nenhuma carne, na altura média numa só geração será muito reduzida, mas os efeitos através de várias gerações podem ser drásticos. A altura média dos Sul Coreanos aumentou cerca de 20 centímetros nos últimos cem anos. Em 2006 a BBC pôs a possibilidade da humanidade se separar em duas raças, como foi previsto pelo eugenista HG Wells.

A classe dominante não quer que a população coma carne, seja no Ocidente, ou nos países em desenvolvimento. Mete-lhes nojo ver uma pessoa normal a comer carne. Como quando a Isabel Jonet nos lembrou que não devemos pensar que podemos comer bifes todos os dias.
Recentemente as Nações Unidas lançou um relatório a dizer que comer insectos pode ser uma maneira de resolver a crise ambiental e dar acesso à proteína animal a um maior número de pessoas.
Entre o orgulho nacional pateta pelo facto de Portugueses estarem na linha da frente desta ignóbil campanha para pôr as pessoas a comer insectos, e a propaganda repetitiva e patética para dizer que é inevitável começarmos todos a comer insectos, torna-se claro que alguém, algures, quer que comecemos a aceitar comer insectos para daí obter uma nova fonte de proteína.
Mais uma consideração que é importante. Os pobres pelo mundo fora, assim como a classe trabalhadora do mundo Ocidental, não come carne de boa qualidade tão frequentemente como pensa. Muito daquilo que passa como “carne” é uma pasta horrível, tratada com hidróxido de amoníaco, muito provavelmente altamente cancerígenas, por vezes chamada de “Pink Slime“, como o demonstra o processo que Jamie Oliver ganhou contra o McDonald’s há alguns anos atrás. E a carne de porco, que por ser mais barata, é muito menos saudável que muitas das outras carnes disponíveis no mercado.
Como isto tudo estará, ou não, ligado às campanhas incessantes para apelar à adoção da dieta vegana usando o medo e a chantagem emocional…
É só pensar um pouco.
Sobretudo quando constatamos que quem mais está a aderir à nova moda da dieta vegana são pessoas de classe média no Ocidente, os poucos que não são ricos e que ainda consomem carne com o mínimo de qualidade…
Nota Editorial (15 de Julho de 2021): A fonte e citação do terceiro paragrafo foram modificadas, mas acabam por citar ideias parecidas, chegando a conclusões também elas parecidas com as que estavam previamente publicadas. O parágrafo anterior, estava escrito da seguinte forma, e fui substituído por causa do artigo a que se refere a ligação já não estar disponível:
“Ou como explica a seguinte passagem do artigo “As Invasões Normandas São a Razão Pela Qual Bifes são ‘Beef’ e não ‘Cow‘“: “Assim, enquanto que os campesinos humildes continuavam a chamar os seus animais de vacas (cow), porcos (swine), ovelhas (sheep) e veados (deer), uma vez que esses animais fossem colocados num prato requintado, os seus nomes tornavam-se Franceses. Não acredita em nós? Confira as palavras francesas modernas para essas carnes: boeuf, porc, mouton e venaison…” “