No âmbito do projeto MURAL-Mutual Understanding, Respect and Learning, em inglês, desenvolvemos a iniciativa de conhecer as comunidades religiosas em Lisboa. O processo é simples. Começamos por identificar e contactar a comunidade, perguntamos se estariam disponíveis em receber um grupo de entre 20 a 30 pessoas nos seu templos.
O objetivo das visitas é conhecer as comunidades religiosas em Lisboa, as diversidades culturais nelas existentes, como estão organizadas, as suas histórias e os desafios que enfrentam. As visitas guiadas culminam sempre com momentos de diálogo sobre os fundamentos das suas fés, perguntas e respostas e alguma experiência cultural.
Com a iniciativa, já visitamos a Comunidade Islâmica de Lisboa, a Comunidade Hindu, a Comunidade Ismaili e a Comunidade Bahàí. Cada visita em uma experiência por si, às vezes desafiante, mas enriquecedora.
Porquê que é relevante promover o diálogo inter-religioso, e porque é que este trabalho é capaz de ser um agente de mudança positiva?
Sem ir muito atrás na história, só nos últimos tempos testemunhamos vários acontecimentos horríveis de natureza religiosa, desde terrorismo, perseguições, discriminação e muitos conflitos. Talvez isso seria evitável se todos estivéssemos disponíveis para dialogar e procurar compreender o “outro”, porquê que a sua fé é importante e merece ser respeitado por isso.
As religiões continuam a fazer parte das nossas sociedades e continuam a ser um elemento cultural importante. E não creio que desapareçam tão rapidamente.
Devido à globalização e o movimento das pessoas de um local para outro, hoje podemos encontrar pessoas de vários credos e experiências espirituais em locais improváveis. E ainda bem, porque é sinal de progresso. Com isso, surgem também os discursos de ódio veiculados por vários canais. O desafio é combater esses discursos através de diálogo, envolvendo todos os cidadãos, independentemente do credo, cultura ou interesses.
Os líderes religiosos e os crentes também têm uma responsabilidades especial em resistir à tentação dos radicalismos. Aliás, devem ser eles os pioneiros do diálogo inter-religioso e de uma cidadania responsável.
A promoção do diálogo inter-religiosos e da liberdade religiosa é relevante e todos nós, como cidadãos, devíamos colaborar e nunca dar espaço a qualquer tipo de ódio.