
Quando a própria Organização Mundial de Saúde já reconhece que a vacina para o novo coronavírus pode não aparecer tão rápido quanto se esperava, ou até mesmo nunca vir a aparecer, tal como já alguns imunologistas tinham concluído, em África, continente de crenças e rituais ancestrais, a pandemia está inspirar a moda dos penteados, sobretudo das crianças. Com o sentido de alertar e consciencializar para a necessidade de praticar uma higienização das mãos e do uso das máscaras, a moda foi lançada no bairro pobre Kibera, em Nairóbi. O êxito da criatividade do cabeleireiro Mama Brayo Beauty Salon que lançou o estilo por apenas 1 dólar o corte, criou um novo vírus na capital do Quénia: o desejo de querer um penteado “Coronavírus”. Pela textura própria do folículo genético africano, pela sua rigidez e textura, o resultado é simplesmente surpreendente na imitação exata da forma do vírus que tem sido disseminada pelos mídia mundiais. Mesmo assim, o cabeleireiro oferece várias opções, dentro da forma geral do vírus, incluindo cores ao gosto do cliente.
A nova tendência promete alastrar a todo o mundo e certamente vai chegar às passerelles das mais conceituadas casas da moda europeias e internacionais. Uma ideia positiva de um dos bairros mais pobres de África é também um sinal da mudança deste novo mundo pós-pandémico. Reflexo de criatividade e positividade que vêm conectar o mundo pela capacidade viral da internet. Assim tem sido a mudança provocada pela Glocalização. O mais importante de estar conectado a todo o mundo é que as transformações sociais podem ser geradas e multiplicadas pelo espírito humano e viajar de um lado ao outro do planeta em segundos, mudando comportamentos, introduzindo pequenas melhorias e promovendo a interculturalidade. Quando uma criança em África se sente importante, vista em todos os noticiários do mundo, não é só mérito para os protagonistas dessa promoção, representa acima de tudo um avanço na cooperação mundial, no entendimento entre povos, na potenciação da internet para divulgar as diferentes realidades sociais causadas por uma economia mundial geradora de desigualdades. Um pequeno exemplo de que ainda temos muito que percorrer, enquanto sociedade humana, para sermos um planeta verdadeiramente civilizado, unido e acima de tudo cooperante.

Texto de Pedro M. Duarte