Ainda não sabemos se Ana Gomes será – ou não – candidata às Eleições Presidenciais de 2021. Mas sabemos que é preciso evitar a transformação da República numa espécie de “sopa azeda” com apenas dois ingredientes: Marcelo e Ventura. É preciso que exista espaço e opções políticas diferentes do “discurso do regime”: cinzento e centrista de Marcelo e do Populismo (que caracteriza o discurso público de André Ventura.

Não quero, sequer, conceber que em 2021 vamos ter apenas uma figura política de primeiro plano no boletim de voto: Marcelo e esse deserto de ideias ou catavento de propostas que é Ventura: Portugal merece melhor e a qualidade da nossa democracia exige-o.
Se este vazio à volta de Marcelo se confirmar estamos mesmo perante um eucalipto que seca tudo à sua volta e que esvazia o centro-esquerda e o centro-direita a seu favor reforçando um papel que se assemelha cada vez mais ao Sidónio Pais: o Presidente-Rei dos começos do século XX. Espero portanto, e apenas por isso mas não apenas por isso, que Ana Gomes avance. Ou que, se finalmente, optar por não o fazer tenhamos pelo menos uma alternativa forte e credível ao par Marcelo-Ventura.
Rui Martins