A bandeira suprapartidária de “Portugal não é racista” mal conseguiu esconder a real composição de classe e política da marcha de 27 de julho último: uma das primeiras demonstrações públicas do partido de extrema-direita CHEGA. A manifestação, que percorreu vias até estacionar na Praça do Comércio, felizmente, não chegou a comprometer o necessário distanciamento social, visto que esse singular agrupamento “antirracista” não congregou mais do que 1200 elementos à retaguarda de André Ventura – isto de acordo com contagens optimistas da PSP, que talvez possam ser corretamente reavaliadas posteriormente, a partir de filmagens e fotos.
Mas uma competição de quem põem mais pessoas na rua – “esquerda” ou “direita” – não é agora a questão. Focaremos em um detalhe, somente em um deles, que não pôde passar desapercebido: A presença militante de Vitório Cardoso.
Vitório Rosário Cardoso é liderança da secção macauense do PSD – Partido Social Democrata, e membro do Conselho Nacional deste partido liberal de direita auto-enquadrado como “social-liberal” e “socialdemocrata”. De posição liberal na economia, nacionalista na cultura e conservadora nos costumes (a típica receita dessa vertente de populismo), o CHEGA! é só mais um no “círculo de amizades” que Vitório Cardoso historicamente mantém com a direita que flerta com o fascismo – como muitos envoltos no manto do “liberalismo” e da “democracia”. O CHEGA, aliás, não passa de uma criança rebelde que foi parida, amamentada e crescida no seio do próprio PSD, e que agora quer ganhar as ruas com rumo próprio.
Vitório Cardoso, do PSD, é o gajo para o qual a polícia política do fascismo salazarista em defesa da “unidade”, da “soberania nacional” e, claro, da “liberdade” – sempre a “liberdade”!
Vitório Cardoso, do PSD, é o gajo que, em cima de sabe-se lá qual posição confortável, saboreou os anos de salazarismo como sendo uma época de “paz” e “estabilidade”.
Vitório Cardoso, do PSD, participou, com a bandeira de seu partido em punho, do ato-comício do CHEGA em 27 de junho de 2020.
Vitório Cardoso, do PSD, é o típico camarada que Bertolt Brecht um dia falara sobre:
“Não há nada mais parecido com um fascista do que um liberal assustado.”

Realmente,
não há nada mais parecido com um fascista
do que um PSD desmoronando-se enquanto partido.