Segundo a última sondagem da Universidade Católica, se as eleições fossem hoje o Chega obteria 7% dos votos, equiparando-se ao BE que desceria dos seus 9,52% das últimas legislativas de 2019. Se considerarmos que André Ventura só conseguiu obter 1,29% dos votos nas eleições de 2019 que lhe valeram apenas um lugar representativo na Assembleia da República (ainda que bastante polémico) a sua subida tem sido exponencial, devido a um marketing agressivo e a uma propaganda política que tem tocado em vários grupos de cidadãos descontentes e desiludidos com as políticas e partidos políticos portugueses sobretudo os do arco do poder, que têm tido discursos fracos e sem estratégias de fundo. Mas perante o cenário de crise económica, partidos com discursos mais radicais como o Chega, podem chegar mais longe. Há quem diga mesmo que nas próximas eleições legislativas, a serem realizadas em setembro/outubro de 2023, o Chega poderá estar perto dos 15% de intenções de voto. E este resultado seria por conquista de desiludidos do CDS/PP e do PSD essencialmente. Também alguns movimentos de extrema-direita e direita, poderão votar em massa em André Ventura, solificando a sua posição política e representação na Assembleia da República.
Sendo André Ventura o único exemplo português na linha do recente populismo internacional que fez eleger políticos tão polémicos e controversos como Donald Trump e Jair Bolsonaro, algo nos diz que a sua presença na política portuguesa pode vir a ter mais efeitos negativos do que positivos. O que menos precisávamos é de políticos com discursos eleitoralistas e com falta de experiência política em gestão financeira. Mas há que reconhecer que Ventura está a aprender a ser líder e que a sua estratégia de angariação de votos está a resultar. E na política, digam o que disserem, o que interessa são os resultados no dia das eleições. Assim, se Ventura chegar aos 15% poderá eleger 30 deputados o que poderia representar uma verdadeira força de oposição aos partidos de esquerda. Ou seja, poderá equilibrar as fações mais radicais de esquerda que têm defendido um discurso marxista-leninista-trotskista cuja filosofia política mais aproximada é a que se vivia na antiga União Soviética ou na China Maoísta. Num mundo cada vez mais dependente da economia, defender um retrocesso tão radical nas políticas económicas pode fazer colapsar a nossa já tão frágil sociedade. Mas também há que reconhecer que o modelo meramente capitalista norte-americano do século XX falhou na sua evolução e transição para o séc. XXI, criando um monstro descontrolado: o capitalismo agressivo expansionista-destrutivo chinês. O país que já se assume como o novo líder mundial, a China, está a conquistar o principal papel na destruição de reservas naturais a nível mundial em todos os continentes, das florestas à pesca, passando por animais em extinção e espécies selvagens como rinocerontes, leões e baleias. Ou seja, a China também não é a solução, pois não é parte da solução, pelo contrário, apenas está a agravar os graves problemas mundiais das próximas décadas.

O futuro de Portugal não vai ser fácil, ainda para mais no contexto incerto da pandemia. Apenas decorridos alguns meses desde o confinamento e já são centenas de milhares de desempregados e alguns milhares de pequenas e médias empresas a abrirem falência. Sem uma forte política económica que fomente o crescimento empresarial e económico, vamos voltar certamente à Troika e a uma crise económica que se pode estender por mais 10 anos, repetindo a Grande Recessão de 2008, que tanto nos custou a pagar e que mudou a vida de muitos portugueses para pior. Mas André Ventura não fala muito de economia ou de soluções económico-financeiras que projetem Portugal nos mercados internacionais. Pelo contrário as políticas propostas pelo Chega centram-se em pequenos grupos e pequenos problemas, a maioria deles polémicos, mas que, por si só, não têm peso na economia global portuguesa. Temas tão genéricos e vagos como corrupção ou tão pouco representativos e residuais como pedofilia e racismo apenas servem para alimentar discussões nas redes sociais e permitir a Ventura angariar votos “fáceis”. André Ventura, se quiser ser um líder de ação positiva na política portuguesa terá de moderar o seu discurso racista e pró-Salazarista e dessa forma poderá conquistar facilmente algum eleitorado desiludido do PSD e do CDS/PP. Afinal de contas Salazar morreu a 27 de julho de 1970, há precisamente 50 anos e não tem qualquer interesse no contexto atual, o seu revivalismo. Estamos no século XXI e o que precisamos é de políticos dinâmicos, jovens e que saibam colaborar com outros países na busca de soluções verdadeiramente inteligentes para os seus cidadãos. Tudo o resto é folclore mesquinho e politiquices.
Texto de Pedro M. Duarte
2 respostas
Onde é que Ventura é pro-Salazarista? Esta malta só inventa…