Ainda não sabemos porque apareceu exatamente este novo coronavírus. Também ainda não é certa a sua origem e o ground zero. As teorias científicas apontam para a passagem da cadeia animal para a dos humanos. E que terá ocorrido na Ásia. Em Wuhan deu-se a disseminação para a sociedade humana. Mas recentemente foi lançada a suspeita de um suposto ground zero original na Áustria, Ischgl, onde 6.000 pessoas terão sido infetadas na primeira semana de Março de 2020, o que poderá justificar o enorme foco infeccioso na Lombardia, que matou milhares de pessoas entre Março e Maio. Segundo outros investigadores, em fevereiro, o vírus já estava presente em Barcelona, versão apoiada pela China, que se quer ver livre do dedo que lhes é apontado por Trump e pelo Ocidente. Apesar de todas estas informações, por vezes até contraditórias, a Direção Mundial de Saúde (DMS) emite sempre sua a posição “científico-médica” oficial, que acaba por se tornar na única versão oficial permitida na internet, já que as empresas moderadoras de conteúdos perseguem ferozmente todos os posts e notícias das redes sociais sobre o novo vírus, rotulando-os ou apagando-os sempre que não convergem com a versão da DMS.
O surto de 2005 da Gripe das Aves (H5N1) que infetou gravemente várias pessoas no Vietnam, Tailândia, Indonésia e Cambodja, contaminando igualmente inúmeras aves em Laos, China, Turquia e Inglaterra, nunca se revelou tão contagioso entre humanos como o atual novo coronavírus. O H5N1, um vírus “antigo”, foi detetado pela primeira vez em 1900 na Itália, embora atualmente esteja maioritariamente concentrado apenas na Ásia. Em 2005, devido aos poucos casos localizados, a DMS alertou muitos países para tomarem medidas, mas o que é certo é que na realidade a maioria desvalorizou e a vida das pessoas não sofreu quaisquer alterações, com exceção de alguns países asiáticos. No entanto, a pandemia de 2020 ganhou outra dimensão quando a China resolveu construir um hospital de campanha em Wuhan em 10 dias, depois de se aperceber da facilidade de contágio entre humanos e da gravidade da infeção pulmonar do novo coronavírus, que matou centenas de pessoas em poucas semanas. Tudo estava no início e a recolha de informação era feita em simultâneo enquanto os médicos tentavam experimentar os melhores métodos de tratamento e cura. Em Março a DMS conseguiu, o feito de lançar um lockdown mundial, sobretudo nos países mais afetados, como medida fundamental para reduzir a curva de contágio e assim permitir aos países ganharem algum tempo para se prepararem para o combate nos hospitais e na sociedade civil, quer com tratamentos e equipamentos nas urgências, quer com equipamentos e medidas de higienização disseminadas pela vida civil.

O lockdown foi algo inesperado, mas aceite pela maioria dos países face ao medo da disseminação pandémica. Os políticos, médicos e polícias passaram para a linha da frente nesta guerra invisível. Em alguns países, os mortos faziam fila nos cemitérios para serem cremados ou enterrados. As pessoas confinadas às suas casas, saíam apenas para se deslocarem aos supermercados ou para pequenos passeios. A era digital chegou a todas as famílias na sua multiplicidade geracional, de uma só vez. Video-conferências, tele-trabalho, encomendas on-line. A maioria dos negócios suspensos. Voos comerciais suspensos. Serviços públicos suspensos. Serviços médicos suspensos, com exceção dos serviços médicos urgentes ou relacionados com a pandemia. O mundo parado, à espera do milagre dos médicos e da medicina moderna. Sem ginásio, atividade física ou o simples caminhar, a população mundial engordou, pelo menos uns sei quilos per capita. A vontade de comer provocada pelo stress de estar confinado, com todos os elementos da família a viverem 24×7 debaixo do mesmo teto modificou também os corpos da maior parte da população mundial.
Depois veio o desconfinamento, primeiro aos poucos, depois total. E eis que todos estes “gordinhos” e “gordinhas” saem à rua como se fosse a primeira vez. Primeiro a medo, com máscaras e alcool-gel, depois cada vez mais relaxados. E logo de seguida, surpreendentemente, centenas de manifestações anti-racismo juntaram milhares de pessoas nas principais capitais e cidades do planeta, a maioria sem grandes preocupações de contágio. De seguida vieram as manifestações contra as restrições da pandemia com mais uns quantos milhares de pessoas nas ruas, por todo o mundo. Manifestações políticas também. No Brasil, por exemplo, um dos países mais afetados pela pandemia, as manifestações pró e contra Bolsonaro disseminaram ainda mais o vírus. Este comportamento irracional e contraditório reflete-se também nas respostas tão díspares dos países, das cidades ou de regiões. A confusão está instalada. Só na UE a diferença de regras é tanta que os turistas já não sabem que fazer para marcar as suas férias. Os políticos com o seu ar sério e os responsáveis da saúde vão lançando medidas diferentes todas as semanas ou quinzenas, propondo quarentenas e recolhimentos obrigatórios. Existe uma sensação generalizada de caos organizado misturado com uma certa ordem caótica. As leis aplicam-se relativamente e o discurso bipolarizado e de ódio nas redes sociais disparou exponencialmente, servindo de válvula de escape à crise económica que se agudiza de dia para dia, prevendo-se um pico em 2021.

A tão esperada vacina ou vacinas ainda não se sabe quando vão ser aprovadas pela OMS. Mas mesmo assim, alguns países já avançaram, usando os humanos como cobaias, sem certezas de possíveis efeitos secundários. Inúmeros países e laboratórios lutam entre si para terem o exclusivo da vacina que representará um negócio mundial de triliões durante muitos anos. Entretanto as máscaras, luvas, fatos hazmat, desinfetantes, alcool-gel, ventiladores e testes ao vírus ou serológicos representam já um negócio de luxo para muitas empresas. Pagos diretamente pelos governos e empresas que precisam de os fornecer a terceiros, os laboratórios e indústrias assinam contratos de muitos milhões. O que num panorama de recessão económica mundial, representa um nicho de mercado de enorme exclusividade e oportunidade. E nesta incerteza da vacina ou dos seus possíveis efeitos secundários, reside a próxima fase de incerteza pandémica: vacinar ou não vacinar? Pela primeira vez na história humana, com a justificação da urgência de salvar a grande máquina da economia, vão ser inoculadas vacinas feitas à pressa por diversos laboratórios diferentes, sem se conhecerem a fundo os seus efeitos secundários, estudos que normalmente exigem um período mínimo de 10 a 15 anos até permitirem uma avaliação positiva e aprovação.
O mundo, em convulsão pandémica, mergulhado em revolução social e alucinação psicológica marcha para a vacina como se se tratasse do grande Salvador da Humanidade. Enquanto isso e enquanto uma nova frente ligada à direita tenta negar a existência do vírus para que a economia não sofra mais, o mundo ocidental está a entrar numa segunda vaga, com valores a aumentarem exponencialmente, com o inverno e as aulas a começarem. Será que vamos repetir o mesmo erro de há 100 anos com a pandemia mais mortal da história – a gripe espanhola – quando a segunda vaga foi muito mais mortal e chegou a matar pessoas saudáveis em menos de 24 horas? É certo que a medicina avançou muito em 100 anos, mas o comportamento humano tem variáveis que não se controlam. E pelo que vimos até ao momento, só este ano, já houve mais convulsões sociais do que em muitos anos recentes, desde a passagem do milénio. Certo é que parece que o futuro próximo parece incerto. E no meio destas incertezas, as teorias da conspiração alastram e começam a ganhar vida própria.

Por mais que os órgãos oficiais de comunicação social tentem manter apenas uma versão da história da pandemia, nas últimas semanas as redes sociais têm explodido com teorias de uma falsa crise de saúde criada para fomentar a aplicação global de uma agenda económico-política de esquerda anarquista pró-socialista que pretende derrubar a economia capitalista e as democracias instaladas e refundar um novo modelo económico, com empresas e estados de esquerda, que salvarão a humanidade da auto-extinção e que criarão uma sociedade mais disciplinada, obediente e menos reacionária. Algo entre o sovietismo e o atual comunismo chinês. Uma sociedade distópica com valores de esquerda, mas, tal como em qualquer ditadura, as opiniões pessoais não são minimamente valoradas. O coletivo acima do individual. A obediência acima da liberdade de expressão. Uma Nova Ordem Mundial. E tudo indica que a China se prepara para comandar este Novo Mundo e substituir os EUA na liderança das políticas económicas e estratégicas globais.
Certo é que este ano de 2020 já nos trouxe muitas transformações pessoais e coletivas. Mas o ano ainda não terminou e já se fala em possíveis conflitos bélicos que venham a envolver uma Aliança do Ocidente contra uma Aliança do Oriente. Sabe-se também que uma gigantesca crise económica já começou mas que vai ter o seu epicentro em 2021. Em resultado desta crise pandémica, houve já um gigante abaixamento social. Famílias mais desprotegidas que perderam os seus empregos devido à pandemia estão já a ser despejadas. Até ao final do ano muitas empresas vão fechar e no início de 2021 as falências vão lançar no desemprego milhões de pessoas por todo o mundo, que dificilmente conseguirão emprego nos próximos anos. A própria Europa está a tentar aplicar soluções que minimizem o tsunami que está a chegar, mas as incertezas são muitas e as variáveis ainda mais. E para piorar todo este cenário de incertezas, parece que as alterações climáticas começaram o ano alinhados com a pandemia. Incêndios devastadores estão a destruir uma preciosa herança do passado: florestas de coníferas milenares ardem em apenas dias. O degelo da Gronelândia está a alterar o regime de ventos do hemisfério norte e a tornar os invernos mais frios e os verões mais quentes, ou seja, a criar condições para mais incêndios.
Apesar de tudo o que já se passou este ano, uma grande parte da população mundial pretende continuar a viver a vida que vivia sem quaisquer alterações. Porque a humanidade está cega. Com medo de enfrentar o futuro com todos os problemas que se prevêem cada vez mais graves. A humanidade acredita que o que os seus olhos vêem não é a verdade, mas sim uma realidade temporária, uma confusão momentânea de uma sociedade global um pouco perdida e sem rumo. Mas o que há que perceber é que este é o novo normal. E que o futuro não é risonho. Mas existem soluções. Simplesmente a humanidade ainda não está preparada para mudar. A realidade vai superar a ficção. E então muitos vão despertar. Mas, ainda vamos a tempo…?
Texto de Pedro M. Duarte